09 de março de 2007
Que Eragon que nada! Bem mais que o fenômeno da indústria digital dirigido por Stefen Fangmeier, a beleza da fábula cinematográfica está com As aventuras de Azur e Asmar (Azur et Asmar; 2006), o novo filme de animação rodado pelo francês Michel Ocelot. Juntamente com o japonês Hayao Myasaki, de O castelo animado (2004), Ocelot é um dos realizadores atuais que utilizam a animação cinematográfica com um vigor plástico e uma inquietação temática que transcendem em muito o habitual do gênero.
Assim, As aventuras de Azur e Asmar vai converter-se numa profusão de luzes e cores que alçam o poder do cinema a um patamar altamente poético. Tudo é muito bonito em cena, da sensorial espiritualidade dos enquadramentos à cadência rítmica dos diálogos em língua francesa, conquistando de cara o senso estético do espectador.
Embora assuma claramente as linhas básicas da ingenuidade das fábulas infantis, há nas invenções da realização de Ocelot uma densidade que Eragon nenhum pode almejar; assim, Ocelot está mais próximo do espírito lúdico do poeta francês Arthur Rimbaud que aquilo que os escritos de Christopher Paolini, o autor do livro Eragon, pode alcançar em sua juventude exaltada e precária. Uma das cenas lá pelo final em que aparecem na tela o leão escarlate e o pássaro azul no mesmo plano como dividindo o quadro embaixo/em cima está entre as mais loucamente belas deste filme em que a beleza é muitas vezes uma loucura.
Por
Eron Fagundes